2/08/2018

ASCENSOR PARA O CADAFALSO




Não sei por que, ao acordar, me lembrei do filme de Louis Malle "Ascensor para o cadafalso", com Jeanne Moreau e Maurice Ronet, de 1958. Um clássico francês.
Posso resumir: a mulher e o amante bolam um plano para matar o marido. O homem pratica o ato com a ajuda da mulher. Mas ao sair do apartamento, lembram-se de que esqueceram um roupão incriminador. O homem volta para pegar, mas fica preso no elevador.
Esse filme tem tudo – a partir do título – que lembra o momento atual: sordidez, traição, injustiça, mas aqui falta o roupão. Está tudo preparado. Por certo, se esquecerão de algo...
Escrevo antes do ato, portanto só posso conjecturar.
Mas, pela tv, estou vendo o exercício de contorcionismo dos cameramen para não mostrar toda a multidão que se concentra nas ruas. Os locutores estão exercendo o que tiveram de aprender em meses de distorção dos fatos, ao escolher palavras trocadas, num esforço para agradar aos senhores das estações. Tristes "profissionais". Os comentaristas, geralmente de baixo nível em língua portuguesa, fingem caras de sérios naquele "esforço" de dizer o implausível...
Só o povo nas ruas é pra valer. Muitos viajaram horas, torrando seu curto e suado dinheirinho para dar o seu apoio, mostrar a indignação para os togados e para a nação.
Sinceramente não sei o que poderá acontecer. Só tenho as palavras, estas que aqui vou alinhando, alinhavanhando, escolhendo e deixando no ar. Talvez para nada.
Prepararam o cadafalso. O ascensor vai subir. Tomara que pare e se possa fazer justiça a alguém que fez tudo para levantar o povo, e alguns ainda nem tomaram consciência disso.

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